Territórios tradicionais de vida e as zonas de sacrifício do agronegócio no Cerrado

Autores

  • Raquel Maria Rigotto Universidade Federal do Ceará (UFC)
  • Valéria Pereira Santos Comissão Pastoral da Terra Tocantins (CPT) https://orcid.org/0000-0002-3889-8632
  • André Monteiro Costa Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz)

Palavras-chave:

Pradaria. Agricultura industrial. Comunidades rurais. Saúde.

Resumo

A imensa sociobiodiversidade do Cerrado brasileiro pode ser compreendida a partir dos modos de vida construídos pelo amplo leque de povos e comunidades tradicionais em suas relações com o bioma, do qual são guardiãs. Nas últimas décadas, projetos de desenvolvimento promovem ali acelerado avanço do agronegócio, expropriando terras, privatizando águas, contaminando o ambiente e ameaçando ou inviabilizando modos de vida tradicionais. Neste ensaio, partimos da percepção de mulheres de Campos Lindos/TO, sobre as consequências trazidas às suas vidas e saúde por empresas produtoras de soja. Em seguida questionamos a constituição do Cerrado como zona de sacrifício do desenvolvimento brasileiro, ao concentrar terras para a produção de 75% de quatro commodities agrícolas, desmatar mais de 50% da vegetação nativa, exaurir aquíferos e levar rios à morte, contaminar o ambiente com 73,5% dos agrotóxicos consumidos no Brasil, trazendo implicações para o processo saúde-doença (como intoxicações agudas, más formações, cânceres, desnutrição, adoecimento mental) e para outros biomas do Brasil e países da América do Sul. Concluímos perscrutando alternativas na perspectiva dos comuns, do decrescimento, dos direitos da natureza e do bem viver, instigando reflexões da Saúde Coletiva e Agroecologia sobre a contribuição dos saberes e fazeres tradicionais à saúde e à emancipação humana.

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Publicado

2022-07-03

Como Citar

1.
Rigotto RM, Santos VP, Monteiro Costa A. Territórios tradicionais de vida e as zonas de sacrifício do agronegócio no Cerrado . Saúde debate [Internet]. 3º de julho de 2022 [citado 22º de dezembro de 2024];46(especial 2 jun):13-27. Disponível em: https://saudeemdebate.org.br/sed/article/view/5055