Contracepção Reversível de Longa Duração (Larc): solução ideal para tempos pandêmicos?
Palavras-chave:
Covid-19. Identidade de gênero. Direitos sexuais e reprodutivos. Contracepção reversível de longo prazo. Gravidez não planejada.Resumo
O artigo discute uma correlação muito frequente notada a partir do desencadeamento da pandemia de Covid-19 no mundo e no Brasil, ou seja, uma maior abertura e incentivo aos métodos contraceptivos reversíveis de longa duração (LARC) em decorrência das restrições sociais trazidas pela crise sanitária. De certa forma, a gravidade da pandemia justifica social e humanitariamente o recurso mais sistemático aos métodos de longa duração, na tentativa de se evitar uma gravidez imprevista. A pesquisa antropológica se apoia em vasto material empírico documental no sentido de analisar e compreender as lógicas sociais subjacentes a estes expedientes, amplamente disseminados em contextos de pobreza e de precariedade social. A ampliação da oferta de métodos contraceptivos nos sistemas públicos de saúde é sempre desejável, respeitando-se a autonomia reprodutiva das mulheres e sua liberdade para escolher e decidir o que melhor lhe convém em determinado momento de sua vida. O problema reside na compreensão generalizada de que nem todas as mulheres têm condições para escolher e decidir, devendo ser “aconselhadas” a aceitar um método de longa duração, por razões médicas/de saúde. Os limites tênues entre autodeterminação e coerção ou compulsoriedade nos obrigam a refletir sobre o quão arriscada pode se tornar esta aposta.
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